sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mercado de luxo de volta ao crescimento

Após crise, grupos como Louis Vuitton apresentam crescimento de até 40% no ano.

Andrei Netto - O Estado de S.Paulo


A indústria especializada em produtos de luxo, um dos mais importantes setores da economia da França, reatou com os lucros. Passado o auge da crise financeira internacional, marcas como Louis Vuitton, Cartier e Yves Saint-Laurent (YSL) continuaram a retomada no terceiro trimestre de 2010.
Números, anunciados esta semana demonstram o vigor do setor, que registra crescimentos de até 40% no acumulado do ano. Ontem, por exemplo, o grupo francês Moët Hennessy Louis Vuitton (LVMH), número 1 mundial da indústria do luxo, anunciou ter atingido um crescimento de 23,6% em suas vendas no terceiro trimestre de 2010, movimentando 5,11 bilhões.
No acumulado do ano, o crescimento das vendas da holding - que administra marcas como Louis Vuitton, Givenchy, Christian Dior, Veuve Clicquot e Tag Heuer - chegou a 19%, somando 14,2 bilhões. Segundo a empresa, "a dinâmica continua a ser muito forte na Ásia, na Europa e na América".
Questionado pelo Estado sobre os números e o papel dos países emergentes, como o Brasil, no desempenho da empresa, o grupo se limitou a informar que "continuará a estratégia proativa que tem como foco a inovação e a expansão geográfica nos mais promissores mercados".
Novo horário. O desempenho positivo da Louis Vuitton já era esperado pelo mercado desde que a empresa passou em setembro a antecipar em uma hora do horário de fechamento de suas lojas de Paris. A medida seria um meio de preservar seus estoques. Isso teria sido necessário porque a demanda por produtos da marca, em especial por clientes asiáticos, estaria colocando em risco o volume de peças produzidas para a época de Natal.
Em algumas lojas, como a da Avenida Champs-Elysées, o número de produtos por clientes chegou a ser limitado, e filas se criaram no exterior da loja. A empresa, entretanto, não confirma as razões da estratégia.
Apesar do bom desempenho, a LVMH não é uma exceção na indústria do luxo. Passado o pior da crise econômica, o mercado inteiro vive um momento de euforia na Europa. A suíça Richemont, número 2 do mundo no mercado de luxo e proprietária de marcas como Cartier, Baume et Mercier, Lancel e Montblanc, alcançou 35% de crescimento no terceiro trimestre. No acumulado do ano, a marca aumentou sua lucratividade em 40%.
A cifra é muito próxima da obtida pela número 3 do ramo, a Pinault-Printemps-Redoute (PPR), grupo francês concorrente que administra as grifes Gucci e YSL. No terceiro trimestre, a empresa cresceu 35%, alcançando 41,3% nos nove meses do ano. No Reino Unido, as ações da Burberry, outro ícone desse mercado, teriam atingiu 70% de valorização após a crise em razão do desempenho positivo.
Na Alemanha, o grupo Hugo Boss também apresentou ontem cifras melhores do que o esperado para 2010. Segundo relatório da empresa, a receita é "cada vez mais dinâmica" e no terceiro trimestre cresceu 19% em relação a 2009, chegando a 538 milhões. Nos nove primeiros meses do ano, o avanço chegou a 42%.
Um porta-voz da Hugo Boss informou que a empresa estava "satisfeita" com o desempenho em todos os seus mercados e que seu objetivo era abrir até 60 lojas próprias este ano, o que levaria o grupo a um total de 425 lojas próprias.
No setor de bebidas mais sofisticadas, grifes como Dom Perignon, Moët & Chandon e Ruinart, todas do grupo LVMH, aumentaram suas vendas em 25,8% no ano. De acordo com um relatório preparado pelo banco HSBC sobre o setor, a indústria do luxo vive um momento favorável graças "ao forte crescimento da China continental e de Hong Kong, que se soma às ondas de turistas chineses, japoneses e também de americanos que vêm fomentar as vendas na Europa".

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