terça-feira, 6 de abril de 2010

Engenharia Comercial

Por: João Baptista Vilhena  /  Diretor do Instituto MVC

Um dos erros mais comuns cometidos por muitos profissionais competentes é confundir marketing com vendas. Embora a área de vendas faça parte do escopo de marketing, não o engloba por completo. Grosso modo, podemos dizer que marketing objetiva, a partir de atividades de planejamento e tomada de decisão em relação a todos os aspectos do marketing mix – produto, preço, comunicação e distribuição –, gerar, no cliente, propensão ao consumo. As vendas, por sua vez, objetivam efetivar consumo através de atividades operacionais. Obviamente que um bom trabalho de marketing alavanca o esforço da área de vendas.

Contudo, o mais importante é perceber que vender, hoje, já não é mais tão fácil como no passado. A concorrência aumentou e tornou-se mais acirrada; o cliente tornou-se mais sofisticado e possuidor de importantes informações para a decisão de compra; os produtos estão cada vez mais parecidos e encontrar novos diferenciais está ainda mais difícil. Tudo isso afeta sobremaneira as atividades de marketing e de vendas.

Nos dias atuais, para se vender é preciso construir a venda, é preciso que as duas áreas executem um trabalho de engenharia comercial. Algumas questões devem ser evidenciadas neste processo, em especial para o marketing business-to-business:

a) A empresa fornecedora precisa conhecer o tipo de negócio do cliente melhor do que o próprio cliente. É preciso conhecer a fundo o ambiente mercadológico no qual está inserida a empresa-cliente:

• quem são seus concorrentes

• como eles se posicionam no mercado

• quais são suas ofertas

Mas também precisa conhecer o ambiente tecnológico:

• quais as características tecnológicas do produto ou serviço

• qual a trajetória tecnológica do setor

• quem domina a tecnologia de ponta naquele setor

• quais descontinuidades tecnológicas ocorreram e quais podem vir

a ocorrer

Somente assim a empresa fornecedora estará apta a adequar sua oferta e a antecipar as necessidades e desejos de seus clientes, oferecendo soluções customizadas ou até personalizadas, conquistando a sua confiança;

b) A empresa fornecedora precisa conhecer também o contexto organizacional do

cliente. É preciso considerar que a compra se dá:

• dentro deste contexto organizacional

• influenciada por um orçamento ou verba

• influenciada por lucro

• considerando os objetivos organizacionais e

• envolvendo muitas pessoas inter-relacionadas

Além disso, o comprador deve executar uma série de atividades:

• identificar a necessidade da compra

• estabelecer as especificações da compra

• identificar as alternativas de compra

• avaliar essas alternativas e, enfim, escolher o fornecedor

Assim, a empresa fornecedora precisa conhecer quem exerce cada papel de compra:

• quem inicia o processo de compra

• quem influencia

• quem decide

• quem compra

• quem usa e, principalmente, como essas pessoas se inter-relacionam.

Finalmente, deverá analisar a finalidade da compra (se é um insumo para a produção, se é uma mercadoria para revenda ou se é para consumo) e a natureza dessa demanda (se é cíclica ou sazonal). Só assim ela estará apta a construir sua venda, a transmitir as mensagens adequadas para contatar as pessoas certas, visando à criação de relacionamentos de longo prazo com os clientes e mantendo a confiança conquistada.

O século XXI não deixará espaços para empresas que insistam em vender de forma antiquada, empurrando produtos sem conhecer o ambiente mercadológico e tecnológico de seus clientes, muito menos o contexto organizacional. Tornar-se-á fundamental o processo de construção da venda, de engenharia comercial.

OBS.: Material retirado do programa de Vendas Consultivas do IMVC.

Nenhum comentário:

Postar um comentário